Toda mãe já passou (ou vai passar) por essa fase: a criança que aparece no meio da noite, puxando o cobertor, pedindo colo, ou simplesmente se enfiando na cama sem nem avisar. Para os pequenos, é um gesto de amor e segurança. Para os pais, especialmente para as mães, pode ser o início de noites mal dormidas, dores nas costas e cansaço acumulado.
Mas afinal, o que a ciência diz sobre o impacto de crianças dormindo na cama dos pais? É apenas uma fase inofensiva ou pode comprometer a qualidade do sono materno e até mesmo a saúde física e emocional da família?
Vamos explorar isso juntos.
O que acontece no corpo da mãe quando ela não dorme bem
O sono da mãe já costuma ser fragmentado por natureza. Seja pelo choro do bebê, pela preocupação com as crianças, ou pela rotina exaustiva, muitas mulheres enfrentam um padrão de sono interrompido. Quando a criança passa a dividir a cama, esse desafio aumenta:
· Movimentos noturnos (chutes, viradas, braços que se esticam);
· Menos espaço para se acomodar confortavelmente;
· Dificuldade para alcançar o sono profundo e reparador;
· Sobrecarga emocional (“será que estou fazendo certo em permitir isso?”).
O resultado? Mais cansaço durante o dia, aumento de dores musculares, menor capacidade de concentração e um humor mais instável.
Do lado das crianças: medo, apego e desenvolvimento emocional
É importante lembrar: a criança não invade a cama da mãe por birra ou manipulação. Na maioria das vezes, isso nasce de:
· Medo do escuro;
· Ansiedade de separação;
· Fase do desenvolvimento emocional em que o apego aos pais é fundamental.
Estudos mostram que crianças pequenas, especialmente entre 2 e 6 anos, estão construindo a noção de independência e podem precisar dessa segurança extra à noite. Em algumas famílias, a cama compartilhada funciona como um momento de conexão e afeto, mas é preciso atenção aos limites.
Quando a cama compartilhada vira um problema
Nem sempre dormir junto é um problema. Em muitas culturas, isso é comum e até incentivado. O problema aparece quando:
· A mãe (ou os pais) não conseguem descansar;
· Um dos membros do casal se sente desconfortável ou excluído;
· A criança passa a depender exclusivamente disso para dormir.
Se o sono da mãe — e da casa inteira — está comprometido, isso gera um impacto direto na qualidade de vida, na paciência para lidar com o dia a dia e até na saúde física e mental. Lembre-se: uma mãe exausta não consegue oferecer o melhor de si.
Como encontrar equilíbrio: dicas para mães e filhos
Se você está passando por essa fase, aqui vão estratégias práticas:
· Estabeleça uma rotina noturna previsível e calma (banho, história, luz suave, abraço);
· Converse com a criança sobre o medo dela, validando o sentimento sem ridicularizar;
· Ofereça objetos de transição, como bichinhos de pelúcia ou mantinhas especiais;
· Use recursos como abajures com luz suave ou música relaxante no quarto infantil;
· Invista no seu próprio conforto: um travesseiro anatômico, por exemplo, pode ajudar a aliviar as tensões musculares, mesmo nas noites mais difíceis.
E, acima de tudo, lembre-se: é uma fase. Com paciência, amor e consistência, as crianças aprendem a dormir sozinhas — e você recupera noites de sono de verdade.
Acolhimento sem perder a si mesma
Permitir que a criança durma com você não faz de ninguém uma mãe menos capaz ou permissiva. Mas reconhecer os seus limites, os sinais do próprio corpo e as consequências do cansaço é essencial. Porque, no final, o verdadeiro gesto de amor não é só acolher — é ensinar a criança a encontrar segurança também no próprio espaço, enquanto você cuida de si mesma.
Porque mãe descansada também é mãe presente, paciente e inteira.